O dia de uma mãe começa às cinco da manhã. Não. Começa às duas da madrugada quando o bebê acorda pra mamar. Isso na terça. Porque na segunda ele pode acordar a meia-noite e na quarta nem dormir! Da minha parte não posso reclamar de nada. Aliás... só agradecer. Agradecer ao Senhor do Bonfim e ao Dr. Ricardo Sertã que deu uma forcinha pra Betina vir ao mundo. É, digamos que a gente estava com uma certa pressa de vê-la, de pegá-la em nossos braços. Ainda quando ela era um grãozinho de areia de apenas três meses fui ao Happy Hour, programa da GNT ainda comandado pela amiguinha Astrid, contar como foi a experiência de fazer um bebê de proveta. Como é? Um bebê de proveta? Isso é coisa de revista Superinteressante. A gente nunca pensa que pode acontecer com a gente. Parece até ficção científica. Mas aconteceu e depois de escolher jornalismo como profissão e Vinícius como marido essa foi a melhor decisão da minha vida. Ops... da nossa. Dr. Ricardo dizia: "Vocês não têm problema algum pra engravidar. É só uma questão de tempo". Tempo? Ah... essa coisa de tempo é tãaaaao relativa... o meu tempo pode não ser o seu tempo e com certeza o meu tempo não estava ai pra ser perdido ou adiado. De volta de uma viagem pros EUA com mil eletrônicos na bagagem a ficha caiu: "Poxa, a gente gasta tanto dinheiro com besteira, por que não podemos gastar com o que a gente mais quer agora? E foi assim que cheguei com uma idéia na cabeça e Vinícius com um potinho na mão. Não. Ainda não. Isso foi depois. Dr. Ricardo alertou que a FIV (Fertilização in Vitro) era simples e que era quase certo de "dar certo". Lemos um contrato em que uma das cláusulas dizia que estávamos cientes da possibilidade de termos trigêmeos. Engolimos seco e assinamos. No dia certo começamos a sequência de injeções de hormônios. A agulha era uma besteirinha mas a frescura era enorme. Então, quando o Vinícius não podia dar, a amiga Manu comparecia pontualmente no horário certo pra aplicar a injeção. No final de quinze dias novo exame. Um, dois, três, quatro, quinze, dezesseis, dezessete, dezoito óvulos! HEIM?! Conta de novo Dr. Ricardo! Que loucura é essa? Voltamos pra casa pra amadurecer nossos dezoito ovulozinhos. Dormia e acordava pensando "Como assim nove óvulos em cada ovário???". Bom, quem ta aqui pra explicar isso é a Ciência. Não eu. Procure no Google. De volta ao consultório, retiramos os 18 do Forte. Já estava me apegando a eles quando o Dr. Ricardo disse que já era a hora deles se encontrarem com a sua cara metade. Vinícius se desencontrou da sueca peituda contratada a peso de ouro pela clínica pra ajudá-lo na missão inglória de cumprir com a outra metade do trato. Ele entrou por uma porta e ela saiu por outra. Era dia do aniversário da Thaís e do casamento da Yula, na França. Eu, que seria a única madrinha não pude comparecer, claro. Mas fomos à feijoada da Thaís. Lá, via aquele povo dançando e pensava: Äi meu Deus, nesse momento, nossos 18 filhotes estão se dividindo em dois, quatro, seis, oito...
Cinco dias depois a primeira boa notícia: "Podem voltar. Agora vamos colocar os embriões que já estão com cinco dias de vida". E lá estavam os 18 nos esperando ansiosamente. Dr. Ricardo escolheu três deles - segundo ele era uma verdadeira tropa de elite - e colocou-os pra dentro. "Pronto. Os bebês já estão na sua barriga. Agora vai pra casa e não se mexa durante dois dias". Como assim não me mexer? Não questionei, claro. Cumpri mais essa tarefa. Passei dois dias no sofá vendo a programação da TV: de Ana Maria Braga à venda de tapetes persas passando por Sonia Abraão e as irmãs gemêas sertanejas da CNT. No final de quatorze dias, um lindo domingo de sol, mais especificamente dia dos pais, Vinícius bateu o pé e disse que queria fazer o exame. Não. Porque não? Porque Dr. Ricardo disse que era pra fazer amanhã. Mas hoje é Dia dos Pais e se eu já for pai? Eu tenho que saber. Não. E se não for???? Vai ser pior. Amanhã a gente faz. Não, vamos fazer hoje. À revelia fiz o exame de farmácia. Negativo. Viu?? Viu só? Eu não disse? Era melhor ter sabido amanhã! E foi com essas últimas palavras que joguei o exame no lixo do banheiro. Nos arrumamos para ir à casa do pai dele. A tromba saia pela janela. Antes porém, fui ao banheiro. Na hora de jogar o papel no vaso dois traços cor de rosa pularam da lata de lixo. HEIM?! Como assim? Foi o primeiro dia dos pais de Vinícius. Não contamos pra ninguém. Combinamos que, se chegamos até ali, aguentaríamos mais dois meses em silêncio. Eita! E a viagem pro Chile?? Não posso esquiar! Xande, o primo, era o único que sabia.
A seguir cenas...
3 comentários:
Não pude dixar de me emocionar!!!
Amo vcs!
Que lindo Dorothy!
Ah, eu recebi um email seu mas não entendi nada, veio vazio.
Beijos
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