Sem "Papa" na Língua

Em troca de generosos favores sexuais resovi aceitar - eu, o pai do Grãozinho de Areia - o convite feito pela mãe. Inauguro, hoje, uma coluna mensal nesse blog. De antemão aviso que há chances de a periodicidade, um mês ou outro, demostrar um certo grau de indisciplina. Como as crianças. 

A escolha de tão infame trocadilho para o título começou como um protesto à recorrente visão de dois lábios se juntando para produzir um único som: "mmmmaaammmaaa...". É duro o pai ser visto como pai nos primeiros meses de vida. Isadora já foi vista como mãe desde o parto. Sentida, certamente muito antes. Foi lindo o momento em que pegou Betina no colo e, como num passe de mágica, a fez parar de chorar. Foi a primeira vez que minha filha viu, de fora, como era sua mãe. Deve ter gostado, como o pai. Os dias passam e Betina se acostuma com minha voz, minha imagem, meus abraços, minhas brincadeirinhas de "Superman" e 'Terremoto" (prometo detalhá-las em posts futuros). Eram as mesmas que fazia com meu irmão Victor, temporão. Tenho que adaptá-las ao sexo mais frágil. Aos poucos recebo alguma atenção e, às vezes, a sorte grande: um sorriso. Com Isadora, um simples toque de pele é suficiente para decodificar a maternal relação. Agora vejo sentido na expressão "Não é a mamãe, não é a mamãe!" que um personagem dinossauro gritava sempre que se deparava com o pai. O alento vem de depoimentos de outras mães que falam: "no início é assim mesmo mas, depois, elas só querem saber de vocês...". Incansável, continuo meu processo de adestramento para Betina falar "Papai". Quando isso acontecer, prometo mudar o título da minha coluna.