segunda-feira, 2 de março de 2009

Viva a vitamina "S"!!!

Depois de tomar banho na piscina com girinos e ter contato próximo com bichinhos peçonhentos no carnaval Betina já está devidamente imunizada.
Essa matéria do NYT é muito interessante. Vale para todas as mães!


SAÚDE

Ponha a mão suja na boca!
JANE E. BRODY
DO "NEW YORK TIMES"

Se você perguntar às mães por que os bebês costumam apanhar coisas do chão e
colocá-las na boca, é provável que elas respondam que se trata de
instinto -é dessa maneira que eles exploram o mundo que os cerca. Mas por
que a boca, quando a visão, a audição, o tato e o olfato são mais eficientes
na identificação das coisas?
Quando meus filhos eram pequenos e exploravam as ruas do Brooklyn, eu sempre
imaginava que graça eles percebiam em experimentar tijolos moídos ou cocô de
cachorro seco quando costumavam rejeitar meu delicioso purê de batatas.
Já que comportamentos instintivos representam vantagem evolutiva -ou não
teriam sido retidos por milhões de anos-, a probabilidade é que isso também
nos tenha ajudado a sobreviver como espécie. E, de fato, um acúmulo
considerável de indícios parece sugerir que comer sujeira faz bem.
Em estudos sobre o que os cientistas chamam de "hipótese da higiene",
pesquisadores estão concluindo que organismos como os milhões de bactérias,
vírus e especialmente vermes que penetram no corpo em companhia da "sujeira"
promovem o desenvolvimento de um sistema imunológico saudável. Diversos
estudos longos sugerem que vermes podem ajudar a redirecionar um sistema
imunológico que tenha perdido a orientação e, por isso, resultado em doenças
imunológicas, alergias e asma.
Esses estudos, acompanhados por observações epidemiológicas, parecem
explicar por que distúrbios do sistema imunológico como a esclerose
múltipla, o diabetes tipo 1, as doenças inflamatórias dos intestinos, a asma
e as alergias tenham apresentado elevação em sua incidência nos EUA e demais
países desenvolvidos.
"O que uma criança faz ao colocar coisas na boca é permitir que seu
mecanismo de resposta imunológica explore o ambiente que a cerca", afirma
Mary Ruebush, professora de microbiologia e imunologia, em seu novo livro,
"Why Dirt Is Good" [por que a sujeira faz bem].
"Não só isso permite o "treinamento" das respostas imunológicas de que o
corpo precisará para proteção como o processo desempenha papel crucial em
ensinar ao sistema de resposta imunológica sobre sinais que ele deveria
ignorar", afirma.
Um conhecido pesquisador nesse campo, Joel Weinstock, diretor de
gastroenterologia e hepatologia no Centro Médico Tufts, em Boston, diz que o
sistema imunológico, no nascimento, "é como um computador não programado,
que precisa de instrução". Ele afirma que medidas de saúde pública, como
limpar a água e os alimentos contaminados, salvaram incontáveis crianças mas
também "eliminaram a exposição a organismos que provavelmente nos fazem
bem".
"Crianças criadas em um ambiente ultralimpo não estão sendo expostas a
organismos que as ajudam a desenvolver os circuitos regulatórios adequados
em seus sistemas imunológicos", diz. Estudos que ele conduziu em parceria
com David Elliott, gastroenterologista e imunologista da Universidade de
Iowa, nos Estados Unidos, indicam que os vermes intestinais, praticamente
eliminados nos países desenvolvidos, "provavelmente exercem o papel
principal" na regulagem do sistema imunológico para que responda de maneira
apropriada. Ele acrescentou que infecções bacterianas e virais parecem
influenciar o sistema imunológico da mesma maneira, mas não com vigor
comparável.
A maioria dos vermes pode ser considera inofensiva, especialmente para as
pessoas bem nutridas, acredita Weinstock. "Existem muito poucas doenças que
as pessoas apanham dos vermes", disse ele. "Os seres humanos se adaptaram à
presença da maioria deles".

Vermes para a saúde
Em estudos com camundongos, Weinstock e Elliott usaram vermes para prevenir
e reverter doenças do sistema imunológico. Na Argentina, portadores de
esclerose múltipla infectados com o verme tricocéfalo humano apresentaram
menos surtos da doença em um estudo que durou quatro anos e meio.
Na Universidade do Wisconsin, em Madison, o neurologista John Fleming está
testando se o uso da versão porcina do tricocéfalo pode temperar os efeitos
da esclerose múltipla. Em Gâmbia, a erradicação de vermes em algumas aldeias
levou ao surgimento de reações de pele mais intensas a agentes alergênicos
entre as crianças, segundo David Elliott. E os tricocéfalos porcinos, que
residem por curto período no aparelho intestinal humano, também tiveram
"efeitos positivos" no tratamento de doenças do intestino, do mal de Crohn e
da colite ulcerosa.
Para Elliott, a regulagem imunológica é entendida hoje como um processo mais
complexo do que parecia ser o caso no momento em que o epidemiologista
britânico David Strachan introduziu a hipótese da higiene, em 1989. Strachan
notou uma associação entre famílias grandes e uma incidência reduzida de
asma e alergia.
Em resposta à pergunta "será que somos limpos demais?", Elliott responde que
"a sujeira tem seu preço. Mas a limpeza também. Não estamos propondo uma
volta aos ambientes repletos de germes de 1850. Mas se compreendermos
devidamente como os organismos do ambiente nos protegem, talvez possamos
criar uma vacina ou imitar seus efeitos por meio de um estímulo inócuo".

Lave com moderação
Mary Ruebush, apesar de seu livro sobre as vantagens da sujeira, também não
sugere um retorno à imundície. Mas ela lembra que existem bactérias em toda
parte: dentro do nosso corpo, sobre nosso corpo e em tudo o que nos cerca. A
maioria desses micro-organismos não causam problemas, e muitos são
essenciais à boa saúde.
"O ser humano típico abriga cerca de 90 trilhões de micróbios. O fato de ter
tantos micróbios de tipos diferentes é o que o ajuda a se manter saudável na
maioria do tempo", escreveu. Ela deplora o fetiche atual por produtos
antibacterianos que transmitem uma sensação de falsa segurança e podem
fomentar o desenvolvimento de bactérias resistentes a antibióticos e
causadoras de doenças. Limpeza requer apenas água e sabonete comum,
acredita.
"Certamente recomendo lavar as mãos depois de usar o banheiro, antes de
comer, depois de trocar uma fralda, antes e depois de manusear alimentos, e
sempre que elas estiverem visivelmente sujas", escreveu. Weinstock vai mais
longe. "As crianças deveriam ser autorizadas a brincar descalças na terra, e
deveriam ser autorizadas a comer sem lavar as mãos", diz.
Ele e Elliott apontam que crianças criadas em fazendas muitas vezes crescem
expostas a vermes e outros organismos, pelo contato com os animais rurais, e
sua probabilidade de desenvolver alergias e doenças imunológicas é muito
menor.
Igualmente útil, diz ele, "é permitir que as crianças tenham dois cachorros
e um gato", o que as exporá a vermes intestinais capazes de promover o
desenvolvimento de um sistema imunológico saudável.
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Tradução de PAULO MIGLIACCI

Um comentário:

Anônimo disse...

Muiiiiiiiiiiito bom!!!! conheço um monte de mães que deveriam ler isso e deixar a frescura de lado!!!